O que é que você quer ser quando crescer?

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Quando eu era criança, eu sempre ouvia essa frase.

“O que você quer ser quando crescer?”

Era uma frase que carregava significados muito fortes. Essa frase diz, por exemplo, que quem ouve vai crescer, e não apenas fisicamente. Ela implica crescimento psicológico, crescimento de conhecimento. Talvez até moral. Ela implica um futuro maior e melhor que o atual.

Essa é uma frase para a qual damos pouco crédito, mas que tem um potencial incrível: implicitamente estamos dizendo para a criança que ela poderá ser o que quiser, mesmo que nós mesmos não acreditemos.

Há algum tempo eu decidi passar a perguntar isso a mim mesmo novamente.

No meu pensamento. Na hora de dormir. Na frente do espelho. Durante o banho. Enquanto estudo, trabalho, falo com as pessoas. Sempre.

Quando é que nós paramos de ouvir esse tipo de coisa? Quando é que as possibilidades se fecham para nós?

Quando é que nós desejarmos algo se torna irreal, ridículo ou censurável?

Quando é que achamos que paramos de crescer, só porque nossos corpos já cresceram?

Quando é que nos convenceram de que o que aprendemos até agora é o bastante, que a maneira que fazemos as coisas é a melhor que podemos, que a maneira como o mundo existe ao nosso redor não é nossa responsabilidade e que a maneira como nos relacionamos com os outros é a mais madura?

Não sei.

Não sei quando foi que aceitamos que é aceitável não crescer.

Lembra? Quando você era criança, o que você queria ser quando crescer já ia além de seu corpo e do tempo até o fim de uma faculdade, de onde você sairia com seu diploma de adulto.

Não. Não podemos deixar de fazer a pergunta com a maior frequência possível:

“O que você quer ser quando crescer?”

Esta é uma pergunta que nunca pode deixar de fazer sentido para nós. Existe uma tendência pouquíssimo saudável de acreditarmos que só porque já crescemos, não devemos “crescer”.

Você pode até deixar de crescer com “c” minúsculo. É biologia. Mas você nunca deve deixar de Crescer, com “C” maiúsculo. Ainda que lhe digam que isso é biologia.

Não existe idade para se ser grande, não existe idade para parar de tentar Crescer.

Você sabe quem é? O que faz? Como faz? Onde erra? O que não entende ou não sabe ou não conhece?

Quais são seus planos? O que você faz com seu tempo? Qual é o seu planejamento para crescer? O que você quer estudar? O que você precisa melhorar?

Se você parou de fazer perguntas, algo está errado. Se você acha que se conhece totalmente, algo está errado.

Eu tenho algumas metas na vida. Eu tenho muitas metas, na verdade. Mas elas são ditadas por mais ou menos três que são mais importantes que todas. Eu as exponho aqui, porque acho que são metas que valem para todos:

A primeira é que o meu “eu” atual seja sempre superior ao meu “eu” passado em algo mais do que experiência acumulada.

A segunda é que eu nunca me torne hipócrita ou desonesto, por mais que o mundo frequentemente sugira que isso é inevitável.

E a terceira é que eu não pare nunca de Crescer.

Resumindo, que a cada dia, mês, ano, eu me torne alguém digno de ter sido minha própria meta de crescimento.

Que eu possa me tornar alguém que seria minha meta, quando alguém me perguntasse “O que você quer ser quando crescer?” quando eu era criança.

Mais um ano se passou e eu aprendi muito. Eu estudei muito, li muito. Me enchi de conhecimento e experiência prática que eu posso dividir com todos. Me enchi de conhecimento e experiência subjetiva, que muitas vezes funciona apenas para mim. Eu fiz coisas grandes e pequenas. Eu me relacionei com pessoas agradáveis e desagradáveis.

Mas eu termino mais um ano satisfeito, porque eu sinto que cresci. O meu “eu” de um ano atrás seguramente poderia me ter como meta, ou ao menos algumas das coisas que conquistei.

Agora eu olho outra vez para mim — e sugiro a todos que façam o mesmo — e me pergunto: o que é que você vai ser quando crescer?