"Dito Pelo Não Dito" entrevista: Marcelo Del Debbio

Um escritor que vai de magia a RPG

Um escritor que vai de magia a RPG

(Texto originalmente publicado no Medium)

Neste momento, está em financiamento coletivo no Catarse o livro “Dito Pelo Não Dito”, organizado por mim e pelo Pedro Hutsch Balboni, com mais 10 autores e um ilustrador!

Marcelo Del Debbio é mais um dos participantes. Um dos maiores pesquisadores sobre Ordens Iniciáticas, Oráculos e Ocultismo no Brasil, Del Debbio também é muito conhecido pelo seu trabalho no mundo do RPG. Apoiando “Dito Pelo Não Dito”, este é mais um dos talentos que você ajuda! Conheça mais sobre o projeto AQUI e leia abaixo a conversa que tivemos com o Marcelo.

O que te levou para a escrita?

O ato de Escrever e descrever o mundo ao redor sempre foi algo natural para mim, desde pequeno. A maneira que os seres humanos possuem para cristalizar o mundo concreto através da escrita e da imagem, principalmente no estudo do Trivium (Gramática, retórica e Lógica) sempre foi algo que me fascinou e não consigo lembrar de nenhuma época da minha vida onde não estivesse escrevendo alguma coisa.

Qual foi a primeira coisa que você escreveu e achou o resultado bacana?

Acho que foi o “Trevas”, em 1996. Não foi meu primeiro trabalho profissional; antes dele eu já havia escrito o “Arkanun” e o “Grimório”, que eram RPGs medievais de horror e mitologia baseados na Idade Média real, utilizando ícones fantásticos da literatura e mitologia para construir um cenário de RPG, mas o Trevas tinha uma característica especial, que era a ideia de unir um livro de RPG à distribuição em bancas de jornal, algo que nunca havia sido feito antes… e deu muito certo! Trevas vendeu 20 mil exemplares e abriu caminho para uma carreira de mais de 40 livros de RPG, mitologia e hermetismo. Até hoje, mais de 20 anos depois, encontro pessoas que ainda se lembram com alegria de seus primeiros personagens de RPG montados no sistema que escrevi e isso é algo muito gratificante para um escritor.

Quais seus interesses, e como isso te influencia na hora de escrever?

Meu principal interesse é Mitologia e Hermetismo, mais especificamente a Kabbalah Hermética e seus incontáveis usos dentro da cultura pop. Como Arquiteto, somos apaixonados pela construção, tanto no sentido físico das edificações quanto no sentido abstrato dos textos. Minha especialidade é História da arte e Arte Renascentista e descobri logo que para se verdadeiramente compreender a arte Renascentista é necessário estudar muito do hermetismo tradicional, cabala, tarot e simbolismo da Astrologia. Praticamente tudo o que escrevi profissionalmente envolve algum aspecto de hermetismo ou ordens iniciáticas ou espiritualismo.

Como está sendo sua experiência com este projeto?

Adorei a ideia de dividir um livro com outros autores, sem saber como cada um deles iria desenvolver a parte que lhe cabia. Achei o projeto sensacional e, ao mesmo tempo, inédito no sentido de que temos o controle apenas sobre uma parte do todo, transformando a história de acordo com nosso estilo literário. O próprio jogo de palavras do “Dito pelo Não Dito” faz que a narrativa entre cada parte da trama se aproveite destes estilos diferentes a medida em que a protagonista mergulha em um universo cada vez mais mágico.

Tem algum plano futuro relacionado a literatura?

Tenho um esboço já bem avançado de um livro que descreve minhas viagens xamânicas, Iniciações em Ordens Hermetistas e experiências com ocultismo na forma de uma narrativa em terceira pessoa. Terá uma cara de Aventura de RPG, mesclando informações reais com um mundo sobrenatural. Como acabei de publicar o livro de Kabbalah Hermética (outubro/2016), ainda deve demorar algum tempo para começar o processo de organização e preparação para publicar deste livro. Em fevereiro de 2017 faremos outro Financiamento Coletivo, desta vez para o Boardgame de Kabbalah e Jornada do herói. Uma Campanha inteira de RPG em uma tarde!

O que faltou dizer e não pode ficar dito pelo não dito?

Estudem sempre. O máximo que puderem. Aproveitem todas as oportunidades da vida para aprender algo novo todos os dias. No conto iniciático do Rei Arthur, a primeira ação que ele realiza para provar que é digno da coroa é arrancar a espada da pedra bruta. A Espada representa o Elemento Ar, a literatura, erudição e estudos constantes… mas para se tornar um Rei, o candidato deve conseguir elevar estes estudos acima do Reino Ordinário representado pela Pedra Bruta.

Gostou? Conheça “Dito Pelo Não Dito” AQUI.